Eu tenho amores, sem os quais eu não sei viver.
É como se eu tivesse oito corações!
Só que sete deles batem fora do meu peito.
Cada vez que algum deles é retirado de mim, me vejo meio incapacitado, amputado.
Eu só sei viver bem, se todos esses corações estiverem próximos de mim.
A distância e a falta do contato com eles me enfraquece, me adoece, pois a vida de verdade só acontece com eles à minha volta.
Cada um tem funções vitais que sustentam a minha existência.
Um deles apenas bate dentro do meu peito e confere se os outros estão perto e se estão bem. Só isso!...
Os outros sete orbitam livres pela vida, muitas vezes sem saber o quanto são essenciais pra mim, o quanto eu preciso deles pra viver.
Quando falta algum deles ao meu redor, o meu coração do peito sofre. E se faltam todos eles, não apenas sofre, mas ameaça me matar: Dá repiques doloridos e descompassados, me sufoca, aperta e estrangula minha alma, dá um nó na minha garganta e me cega olhos que enxergam as cores do mundo.
Um destes corações entrou na minha vida, assim, do nada, como fazem os anjos e as fadas. Alimenta os meus sonhos e os meus planos; me ensina a dar risadas, me mostra lindos horizontes azuis e me sustenta a alegria de viver.
Este coração mudou a minha vida! Me trouxe alegria como eu não tinha há tempos e me ensinou de novo a sonhar, como eu já não mais sabia.
Me deu tranquilidade pra dormir e, quando acordar antes da hora, dormir de novo, de um jeito que eu não conseguia.
Me mostrou de perto o que é a paz e a doçura, que eu não conhecia. Me atribuiu valores, me dedicou respeito e me fez acreditar que eu sou capaz de renascer e de crescer de novo, quantas vezes for necessário.
Enfim, me deu um gosto especial pela vida.
Quatro destes corações são partes de mim que desgarraram e ganharam vidas próprias e que me enchem de orgulho.
Destes quatro, dois são lindos coraçõezinhos que povoaram de muitas alegrias um longo trecho da estrada da minha vida. Depois cresceram e deram pequenos frutos maravilhosos que trouxeram alegrias novas e que, de repente, fizeram o meu mundo tornar-se encantado.
Os outros dois ainda são botões desabrochando e preenchendo o meu mundo de novas esperanças, fazendo-me transbordar de tanto orgulho. Mas eles ainda precisam de mim, do meu modelo, do meu exemplo, das minhas explicações e histórias que os fazem parar e refletir, assim como precisam das minhas presepadas que os fazem dar risadas. E eu também preciso deles, dos seus abraços, de ouvir as suas vozes e sentir suas presenças!... E preciso que eles precisem de mim, senão minha existência vai parecer em vão, vazia.